Pavlova de frutos vermelhos na slow cooker

Sim, leram bem, Pavlova na slow cooker, a pavlova com a textura mais  fantástica e deliciosa de que há memória!

Adoro Pavlovas, aliás, antes de conhecer as Pavlovas já adorava suspiros e todo o tipo de massas merengadas. Sentir o crocante doce exterior a desfazer-se e o interior macio e firme é divinal. Na casa da minha avó, sempre que sobravam claras eram convertidas pela minha tia em suspiros, que eu adorava. Já adolescente, lembro-me de lhe pedir a receita, tentar reproduzir em casa e ter um resultado desastroso, só mais tarde descobri que para além dos ingredientes é preciso algum cuidado, paciência para cumprir os tempos, mas não é difícil (a receita não estava errada eu é que era apressada). Durante muito tempo as claras que sobravam lá em casa eram incorporadas em omeletes ou convertidas num bolo de claras e vinho do Porto que a minha mãe costumava fazer. Desde que tenho a minha casa, as Pavlovas são sobremesa habitual, com muitas variações nos cremes e cobertura.

Um dos segredos da Pavlova é cozer a baixa temperatura e arrefecer dentro do forno. Isto fez-me pensar que a minha Crock-pot seria a ferramenta perfeita para fazer uma Pavlova, quando não tinha forno disponível. Fui aconselhar-me com o amigo Google e descobri imensas receitas, optei por usar a receita tradicional e seguir os conselhos da maioria dos sites que visitei. Eram unânimes em relação ao pré-aquecimento da panela. Sobre a cozedura, variava entre uma hora a uma hora e meia. Também a seleção do modo era variável, uns propunham o modo "alto" outros iniciavam em "alto" e depois mudavam para o modo "baixo". 

Fiz muitas experiências até chegar à maneira que, para mim, é perfeita para fazer a Pavlova na slow cooker, por isso decidi partilhar todos os passos. Creio que só volto a usar o forno para fazer pavlovas, se não tiver a slow cooker disponível, ou quando tiver de fazer muitas na versão mini-pavlovas, uma vez que o tamanho da slow cooker não permite fazer muitas. 

Gosto de Pavlovas bem cobertas, vou variando os ingredientes, mas geralmente coloco creme, que pode ser de natas, queijo, limão ou chocolate; fruta, desde os tradicionais morangos, frutos vermelhos, pêssegos, maracujá  e por vezes ainda acrescento um molho, ou fios de ovos. 

A pavlova de hoje quase se podia chamar de congelador, pois usei claras e frutos vermelhos congelados, que decidi converter nesta delícia, depois de ter visto um vídeo no instagram da Miss Pavlova, a fazer umas belas mini pavlovas. A minha versão para slow cooker não fica certinha como as da Ana Maio, mas garanto-vos que também é maravilhosa. 

Ingredientes:

 Para a Pavlova:

4 claras de ovo;

1 pitada de sal (usei flor de sal);

220 gramas de açúcar fino;

1 colher de chá de açúcar baunilhado;

1 colher de sopa rasa, de amido de milho;

1 colher de chá de vinagre ou 2 de sumo de limão.

 

   Para a cobertura:

1 pacote de natas (200 ml);

1 embalagem de queijo mascarpone;

3 colheres de sopa açúcar fino;

Gotas de limão (cerca de 1 colher de café);

Frutos vermelhos (usei morangos, framboesas, groselhas e mirtilos);

Compota de frutos vermelhos, ou outra a gosto.

3 colheres de sopa de água;

Hortelã para decorar.

     

Preparação:

Marcar o interior da slow cooker numa folha de papel vegetal, para saber a medida do fundo da panela. Costumo amassar o papel vegetal que fica mais fácil de trabalhar sem fugir. Também pode usar uma base de forma de fundo amovível que caiba na panela de barro, como na foto abaixo. Nesse caso coloco um papel vegetal (o preto é um substituto de papel vegetal reutilizável), a seguir coloco a base da forma, e depois um pedaço de papel vegetal. 

Pré aqueça a slow cooker uma hora antes, no modo "alto".

Bata as claras com umas areias de sal até formar picos ligeiramente firmes, mas arejados, sem estarem duros.

Acrescentar o açúcar aos poucos, sem parar de bater e bater por cerca de 5 minutos (o açúcar desfaz e o merengue já deverá estar bastante firme e brilhante).

Adicionar o vinagre ou sumo de limão e bater mais um pouco, até ficar tudo bem ligado.

Juntar o amido de milho (farinha maizena) e envolver delicadamente, com uma colher de pau. Esta farinha costuma aglomerar-se, dificultando o processo, estes "grumos" desfazem bem se passar a farinha numa peneira ou coador.  Para envolver pode usar-se a batedeira, se tiver a opção de velocidade baixa que equivale a mexer à mão (deixo este alerta, porque tenho uma que o mínimo avariou e é sempre rápida).

Se tiver uma base de forma de bolo ou tarte que caiba dentro da panela, forre com papel vegetal e disponha o merengue por cima, para formar a pavlova. Às vezes utilizo a base de uma forma de aro que cabe dentro da panela de barro da Crock-Pot. Dar forma à pavolva, com a ajuda de uma espátula de silicone alisando as laterais e o topo.

Colocar a pavlova com cuidado dentro da panela de barro pré-aquecida. Eu uso uma segunda camada de papel vegetal, ou tapete de forno reutilizável, para colocar sem me queimar. Na imagem o preto é uma base antiaderente de forno reutilizável, depois tem a base da forma redonda, e de seguida papel vegetal.

Colocar um pano de cozinha por cima, antes de tapar, para evitar que a condensação da tampa caia para cima da pavlova. 

Programar 1 hora em velocidade alta. O tempo pode variar com o modelo e tamanho da panela. Usei uma crook-pot de 5,6l. Nos testes que realizei antes, quando deixava 1h30, o fundo da pavlova ficava ligeiramente torrado, apesar das laterais e parte superior ficarem excelentes.

Deixar arrefecer dentro da panela. Como a panela que usei é digital, no fim da cozedura passa automaticamente para manter quente, neste caso desligo. 

Cobertura:

Para o creme: Bater as natas bem geladas (guardo-as sempre no frigorífico e antes de bater, coloco o recipiente com as natas no congelador cerca de 5 minutos), com umas gotas de limão. Juntar o açúcar e por fim o queijo mascarpone.

Para o molho: juntar 4 colheres de compota com a água e levar ao lume para aligeirar a compota. Reservar a arrefecer.Como utilizei frutos congelados, os mais disformes juntei ao molho e envolvi. 

Colocar a pavlova no prato de servir. Cobrir com o creme, o molho e os frutos vermelhos. 

Decorar com folhas de hortelã.

Notas: 

A cozedura é influenciada pelo tempo de pré-aquecimento, pelo tamanho da panela e pela quantidade de ingredientes a cozinhar. 

A parte superior da pavlova não ganha "crosta, como a base e as laterais (pode verificar na penúltima foto).

Nesta receita utilizei a Crock-Pot multisize digital com panela cerâmica de 5,6 litros, na função “alto” (potência 240W). Adapte os tempos às características do seu equipamento.

Esta panela aquece mais do lado direito, para ultrapassar esse constrangimento depois de metade da cozedura, pego na panela de barro e rodo ao contrário, para permitir cozedura uniforme.