Formigos à moda do Minho na slow cooker

Adaptação da receita para slow cooker de um doce tradicional de Natal, feito à base de pão duro, frutos secos e mel, típico de algumas regiões de Portugal.

Os formigos, também conhecidos por mexidos são um doce típico de algumas regiões do país característico da época Natalícia. Contava a minha avó que era um doce especialmente feito pelas comunidades mais desfavorecidas, que com ingredientes comuns na maioria das casas se conseguia fazer esta sobremesa em quantidades generosas, para que pudessem "tirar a barriga de misérias" pelo menos pelo Natal.

Adoro formigos, dispenso as passas, mas não costumo fazer este doce em minha casa, a minha querida mãe faz sempre a mais para partilhar connosco. Os formigos feitos de forma tradicional exigem alguma atenção, ter de estar sempre a mexer para não torrarem, que é uma tarefa que não está nada alinhada com o meu feitio e foi precisamente este ponto que me levou a recorrer à slow cooker. 

Com mais ou menos ingredientes, cada família tem a sua receita. A receita feita casa da minha avó é a que continuamos a fazer e a que serviu de base para esta adaptação. Fiz várias tentativas até afinar a receita, uma vez que alguns dos ingredientes se comportam de forma diferente com o cozimento lento. Se já estiverem cansados de me ler podem saltar para a receita que está mais abaixo.  Se desse lado houver alguém como eu que gosta de conhecer os processos, vou partilhar a minha saga nas linhas seguintes. 

Primeira tentativa

Da primeira vez que tentei fazer formigos reduzi a água, o vinho do Porto e o açúcar. A água porque na cocção a baixa temperatura quase não há evaporação, o vinho do Porto pelo mesmo motivo, sem evaporação do álcool arriscava-me a fazer um "amargo" em vez de um "doce", e o açúcar, porque como coze muito mais tempo aumenta a intensidade do sabor doce. Resultou num doce de textura grossa e com um travo estranho a limão, mas estava bom, não pensem que se perdeu, nesta casa levamos muito a sério o combte ao desperdício e desapareceu tudo num instante. Contudo, não fiquei totalmente satisfeita com o resultado, por isso arrisquei alguns ajustes numa nova tentativa. Relativamente à textura mais grossa ou borbotada, é porque a parte da côdea e pedacinhos maiores não se desfizeram completamente, isto deve-se a dois fatores, como na slow cooker não há ebulição os ingredientes não se agitam a ferver e quase não mexi, logo da próxima tenho de cortar o pão mais pequeno principalmente a parte da côdea, ou usar sem côdea. Com o limão já tive outros resultados dececionantes (frango com limão que ficou amargo e peixe escalfado que não ficou como queria), foi então que me lembrei que apesar de ter tirado a casca com o descascador, usei casca de um limão muito verde e provavelmente deixei alguma parte daquela camada branca que a cozer dá um sabor amargo aos cozinhados, sobretudo se lá ficar muito tempo, como foi o caso. Depois desta tentativa de avaliação rigorosa, estava pronta para um novo ensaio, que registei e partilho já a seguir.


Ingredientes

280 gramas de pão de trigo  com alguns dias (usei 4 pães)

1 litro de água

90 gramas de mel

120 gr de açúcar amarelo

30 gramas de manteiga à temperatura ambiente

40 ml de vinho do Porto

2 paus de canela

2 cascas de limão (só a parte amarela)

2 chávenas de chá de frutos secos a gosto  partidos grosseiramente (usei nozes, avelãs, amêndoas, pinhões e passas).

Canela em pó para decorar (opcional)


Preparação

Partir o pão em pedacinhos pequenos, pode desfazer-se à mão, cortar com faca, ou até usar um processador ou robot de cozinha (neste caso não fazer pão ralado).

Colocar o pão, a canela, o limão e parte da água na panela. Reserve uma chávena de água, para acrescentar depois caso seja necessário. A água não deve sobrepor o pão (foto).

Mexer bem os ingredientes para o pão ficar bem molhado.

Acrescentar a manteiga cortada aos pedacinhos e o açúcar.

Adicionar  metade do mel e metade do vinho do Porto e mexer.

Nesta primeira fase programar 2 horas em alta. Usei a Crock-pot de 5.6l  (240W), em panelas mais potentes poderá necessitar de menos tempo.

Ao fim das 2 horas mexer bem e retificar a quantidade de líquido, se necessário acrescentar a chávena de água restante. A água adicionada durante a cozedura deve ser aquecida previamente para não interromper o processo. 

Juntar os frutos secos e o restante mel e vinho do Porto.

Mexer bem e provar para realizar ajustes caso entenda ser necessário.

Programar mais meia hora em alto. Pode deixar com a panela destapada para que haja evaporação do álcool do vinho do Porto.

Quando terminar a cozedura retirar ainda quente para tacinhas ou travessas fundas. Agitar ligeiramente para o prato para nivelar a superfície e retirar algum ar que possa estar no preparado.

Pode servir-se morno ou frio. Tradicionalmente é decorado com canela em pó.


Comentários

  1. Já fiz e adorei, não conhecia este doce mas fiquei fã, super saboroso, só não meti pinhões porque tinha que vender um rim para os comprar :-D

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    1. Obrigada pelo feed back e que bom que gostou Carla! Realmente os pinhões estão caríssimos, mas com os outros frutos também ficam deliciosos.

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  2. Pela primeira vez fiz esta receita na Slow Coker e adorei.
    Muito tradicional aqui na minha região e não poderia faltar na mesa de Natal. Obrigada 🙏
    .

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    1. Grata pelo comentário 🙏
      Na mesa aqui de casa também nunca falha e na slow o processo é mais fácil, nunca mais deixei torrar os formigos ☺
      Bons cozinhados
      Bjs

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  3. Maravilhoso. E não tenho mais adjetivos 😋 Cozinhar na slow cooker está a ser um vício graças a esta página 😃

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    1. Muito obrigada Margarida pela palavras tão simpáticas.
      Os formigos são sempre uma maravilha, nunca me ocorreu fazê-los nesta altura, talvez porque sempre os associei ao Natal, mas estou tentada a fazer no fim de semana. Fresquinhos devem ficar bem bons.
      🙏

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