Sopa de castanhas na slow cooker


Já diz o ditado que pelo S. Martinho comem-se as castanhas e prova-se o vinho.  A nossa cultura popular está cheia de provérbios dedicados a S. Martinho que se celebra a 11 de novembro. Vamo-nos orientando quanto às castanhas e ao vinho, só nos fica a faltar o sol do verão de S. Martinho. Estes dias de chuva, convidam-nos a acender a lareira e fazer umas comidinhas mais reconfortantes. 

Gosto da lareira acesa, e de ficar no sofá a ler um livro ou a jogar qualquer jogo de tabuleiro em família. Ultimamente temos jogado Cluedo, mas depois de uma tarde assim não apetece ir para a cozinha fazer o jantar. Nestes dias a slow cooker é a nossa maior aliada, seja uma tarde de ronha ou de passeio, é sempre bom chegarmos à hora de jantar e termos quase tudo pronto. No caso desta sopa de castanhas, basta passar a varinha e temos uma refeição completa, pronta a ir para a mesa.



A ideia da sopa de castanhas surgiu quando a minha tia me ofereceu castanhas de uma variedade indicada para cozer e muito utilizada na indústria alimentar (não me lembro do nome). São umas castanhas muito grandes e bastantes duras, que cozi na slow cooker sem saber bem que destino lhes dar. Lembrei-me de uma deliciosa sopa de castanhas que tinha provado na festa das colheitas de Vila Verde, onde anualmente  as coletividades locais preparam uma grande variedade de sopas tradicionais para os visitantes provarem. Na altura perguntei a uma das senhoras a receita da sopa, e ela com grande simplicidade disse-me "Ó menina são as coisinhas da terra, castanha, cabaça, feijão, cebola e cenoura, se levar uma torinha ou um pedacinho de presunto fica melhor". 

Este ano, com a pandemia as festas foram canceladas, mas podemos sempre tentar reinventar em casa estes sabores, afinal já conhecia os ingredientes.






Para recriar uma sopa daquelas, para além de ingredientes locais, é preciso que cozam lentamente, para apurarem o sabor, por isso recorri à minha amiga @crockpot. As quantidades devem ser ajustadas ao tamanho da panela. Esta receita tradicionalmente era cozinhada em pote de ferro à lareira, mas também se pode fazer num fogão normal, para adaptar basta cozinhar lentamente em lume brando.


Ingredientes

400 gr de castanhas

500 gr de abóbora

2 cebolas

1 alho-francês

100 gr de feijão branco cozido

2 cenouras

caldo de legumes

1 pitada de sal

1 fio de azeite

ervas aromáticas (usei salsa e cebolinho)

1/2 colher café de noz moscada

bacon ou presunto para decorar (opcional).


Preparação

Descascar e limpar os legumes, cortar a abóbora em pedaços, a cebola em tiras e as cenouras e o alho-francês às rodelas. Colocar na taça da slow cooker. Utilizei abóbora e feijão congelados, que já tinha descongelado.

Juntar as castanhas, reservar algumas para decorar. Usei castanhas cozidas, mas podem usar-se castanhas congeladas. Nesse caso, descongelar antes ou aumentar o tempo de cozedura. 

Acrescentar o caldo de legumes, ou água de cozer as castanhas, apenas o suficiente para cobrir os ingredientes. Quanto menos líquido tiver, mais intenso é o sabor.

Temperar com uma pitada de sal e noz moscada, menos do que a quantidade usada noutros métodos de confeção, uma vez que os temperos tendem a aumentar de intensidade nesta forma de cozinhar. 

Programar em "alto" cerca de 4 horas. Pode-se optar pela função "baixo", nesse caso o tempo é cerca de 8 horas. 


O tempo é indicativo e varia com as
caraterísticas da panela elétrica, uso uma crockpot multi com a taça de 5,6 litros e 240 W de potência.

Terminada a cozedura passar com a varinha, ou com um processador de cozinha. Antes de passar acrescentei umas hastes de salsa, o azeite e triturei tudo.

Como ficou muito densa, acrescentei mais um pouco de caldo, para conseguir a espessura pretendida, retifiquei os temperos e triturei mais um pouco para uniformizar a textura.


Servi polvilhada com crocante de presunto, castanhas e cebolinho picados. Se retirar o presunto é uma opção vegetariana.

Para fazer o crocante de presunto, utilizei aparas de presunto que salteei no tacho bem quente cerca 1 minuto de cada lado. 











Comentários

  1. Fiquei encantada com o presunto, e ainda andei a investigar a "torinha", de acordo com o dicionário https://dicionario.priberam.org/tora é o pedaço de carne ou chouriço que se junta à sopa...

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    1. Que bom que gostou Xana!
      Sem dúvida que o presunto ou bacon é uma finalização de sucesso. No Minho chama "tora" a um pedaço de carne geralmente barriga que é salgada e depois colocada em vinha de alhos e usava-se colocar no "caurdo" para "adubar". Expressões que se vão perdendo mas que são muito engraçadas.
      Experimente com ou sem "torinha" e depois partilhe o resultado.

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  2. Parabéns pelo blog, gostei muito não se encontram muitas receitas para as slowcookers e aqui tem imensas. Não gosto muito de castanhas, mas esta sopa tem bom aspeto, era capaz de provar...hehehe.

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    1. Obrigada pelo comentário!
      Foi precisamente o que me fez começar a publicar as minhas receitas e experiências com a slow cooker. Continue a acompanhar que estão muitas mais para serem publicadas.
      Quando à sopa, nesta receita no total dos ingredientes, usei menos de 1/3 de castanhas e a abóbora equilibra bastante o resultado final, por isso não tem um sabor muito intenso e fica mais alaranjada. Quando aumento a quantidade de castanhas e reduzo dos outros ingredientes também gostamos muito mas tem sabor mais forte e fica mais com cor mais castanha.

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  3. Que bom chegar a casa e ter esta sopinha pronta. Sopinha que é como quem diz, sopona, pois é de bastante alimento. Optei pela variante do dobro do tempo em temperatura mais baixa, pois a tarde foi toda de trabalho. Muito boa 🙏

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    1. Obrigada pela partilha Margarida 🥰
      Concordo consigo, é uma sopa bastante encorpada e nutritiva, que bom que gostou. Já não faço há algum tempo, mas ao rever esta publicação fiquei com vontade de fazer brevemente 😃
      Bons cozinhados,
      bjs
      Sandra

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